PROEZAS DE SATANS NA VILA DE LEVA-E-TRAZ (Direo de Paulo Gil Soares, 1967)

- Segundo Glauber Rocha, o filme faz parte de uma segunda fase do Cinema Novo, pautado pelos estilos pessoais e pela busca por uma comunicação eficaz com o público. - O filme é uma ficção que dá continuidade ao estudo da cultura sertaneja, tema tratado nos documentários anteriores de Paulo Gil Soares, como Memória do Cangaço (1964). Proezas de Satanás na Vila de Leva-e-Traz pensa o Brasil a partir do sertão nordestino e discute as formas de consciência popular na adversidade. Ao focalizar as práticas religiosas, traço da cultura nacional, crítica o processo de modernização vivenciado pelo país. A trajetória do Satanás fanfarrão faz da vida religiosa, e suas ilusões, a metáfora de uma submissão coletiva a uma política enganada, em nome do progresso. O conflito central do filme envolve um debate entre a credulidade dos habitantes católicos e a sedução exercida por um demônio comediante, seus truques mágicos e feitos mirabolantes são comentados pela trilha sonora composta de canções de Caetano Veloso, que contribui com comentários a respeito das ações e acontecimentos da história. - O filme é baseado em diversas histórias da literatura de cordel. Sinopse: Em tom de comédia, Proezas de Satanás na Vila de Leva-e-Traz apresenta a história de um vilarejo nordestino dominado pela figura de um forasteiro, que realiza milagres e promove o progresso da região. O filme inicia com a descoberta de um poço de petróleo próximo à cidade de Leva-e-Traz que atrai jovens trabalhadores, prostitutas, o padeiro, até mesmo o padre abandona a igreja. Restam apenas as pessoas velhas, as crianças e os inválidos. Incidentes inesperados anunciam a chegada de Satanás, este é encarnado por um tipo estranho que se transforma em diversos animais, incluindo um sapo cururu e um bezerro com cara de gente. Mesmo com origens demoníacas, ele introduziu grandes mudanças no vilarejo, assumindo os cargos de líder religioso e prefeito. Promover a cura dos doentes, o desenvolvimento da agricultura regional e, em coligação com políticos locais, a sua candidatura à Presidência da República, que causa fervor entre os devotos moradores. Em seu discurso, ironicamente, promete vida eterna a todos e que o trabalho será extinto. No fim, em meio a uma procissão, a magia se desfaz, Satanás volta a ser um bode e a pobreza retorna ao vilarejo. Elenco: Jofre Soares como Cego Isabella como Beata Emmanuel Cavalcanti como Maneta Joseph Guerreiro como Padre Paulo Broitman como Cavaleiro Joel Barcelos como Pegador de almas Zózimo Bulbul Thelma Reston
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