1933 - Jean Vigo - Zero de Conduite Jeunes Diables au College - Jean Dast, Robert le Flon, Du Verron leg

Diante de um sistema de ensino burocrático e repressivo, os alunos de um colégio interno na França encontram suas próprias formas de se rebelar. Para o filme, Vigo se inspirou em experiências próprias e de seu pai, o jornalista anarquista Miguel Almereyda, preso pela primeira vez aos 17 anos, na penitenciária Petite Roquette. Em seu livro Jean Vigo, Paulo Emílio Salles Gomes comenta: “A postura de Jean Vigo diante do seu tema – a infância oprimida pelos adultos – era ditada por duas experiências: a dele próprio, nos anos passados em Millau e Chartres (principalmente os quatro anos na primeira cidade), e a do seu pai, na prisão da Petite Roquette. Os relatos do seu pai deram-lhe a plena consciência desta última e, mais tarde, ele a compreendeu mais brutalmente ao ler, num número antigo de [uma revista chamada] L’Assiette au Beurre, a descrição que fazia Almereyda do regime imposto aos meninos. Embora o cenário do tema de Vigo fosse a escola, não a prisão, e que evidentemente não se encontre vestígio, no seu roteiro, da selvageria com que os meninos eram tratados na Petite Roquette, alguns detalhes foram-lhe diretamente inspirados por ela. O mais importante, contudo, é a influência, na sua sensibilidade, da infância aflitiva de Almereyda, somada aos sofrimentos que ele próprio experimentara após a morte do pai. Chegara ao ponto de identificar as duas infâncias. O resultado foi a extrema sensibilidade de Vigo para tudo o que estivesse ligado à fragilidade da criança no mundo dos adultos. Adulto, suas recordações ainda o faziam sofrer, e há tempos vinha querendo libertar-se delas por meio de um filme. Pelo final das filmagens de Zéro de conduite, Vigo diria, do telhado de uma casa de Saint-Cloud, para um jornalista amigo: ‘Este filme é de tal modo a minha vida de garoto
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