No candomblé, não existe cerimônia sem a presença de Ossanha. É essa entidade que detém a força mágica das plantas - o axé - necessária em todo ritual. “Canto de Ossanha“ encabeçou um projeto concebido após Vinicius de Moraes mostrar a Baden Powell um disco que registrava cantos de candomblé, sambas de roda e vários solos de berimbau. O violonista se interessou muito e, quando foi à Bahia, conheceu os estilos de perto. Nas palavras de Vinicius, Baden conseguiu “carioquizar, dentro do samba moderno, o candomblé afro-brasileiro, dando-lhe, ao mesmo tempo, uma dimensão mais universal“. Esse sincretismo do Brasil com a África via Bahia, hoje tão natural, era de certa forma libertário nos anos 60. “Canto de Ossanha“ ajudou o som de religiões afro-brasileiras, sistematicamente perseguidas até duas décadas antes, a entrar na MPB pela porta da frente.